O 8º Fórum Mundial da Água foi edição com a maior participação de público da história, registrando mais de 120 mil pessoas durante os sete dias de evento, sendo mais de 105 mil pessoas somente na Vila Cidadã.
Os coordenadores dos diversos segmentos temáticos apresentaram os principais resultados das discussões acerca dos recursos hídricos, durante a cerimônia de encerramento.
Foto: Dênio Simões
Ricardo Andrade Diretor executivo do 8º Fórum Mundial da Água
Para o coordenador do Processo Regional, Irani Braga Ramos, do Ministério da Integração, o ritmo das ações é insuficiente em muitas regiões. “Diferentes regiões e países estão avançando em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS] a partir de pontos de partida diferentes. É necessário expandir de forma sustentável os investimentos em água”, disse. “Os recursos financeiros terão de ser encontrados e a mobilização de financiamento requer boa governança”.
Foram mais de 6,7 mil participações nas 59 sessões do Processo Regional e os relatórios apresentam os esforços no compartilhamento de ideias, práticas, desafios e soluções para a água. Desafios esses que, para Ramos, tendem a continuar aumentando devido às mudanças climáticas.
Durante a cerimônia de encerramento do fórum, a coordenadora do Grupo Focal de Sustentabilidade, Marina Grossi, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, ressaltou o senso de urgência e a transversalidade de outros setores em torno do tema água. “Não adianta brigar e não colaborar com os setores que pegam mais água. Nosso alimento também chega mais caro se a água não chega à agricultura”, exemplificou ela.
Para Marina, é preciso dar sustentabilidade e melhorar a cooperação entre os setores. “Trabalhar fora da caixa”, disse. “Se a gente não fizer ações muito mais agressivas e significativas toda essa agenda [dos ODS] não será cumprida até 2030”, ressaltou, cobrando mais apoio das Nações Unidas para o desenvolvimento de uma diálogo político de alto nível.
Para o coordenador do Processo Político, ministro Reinaldo Salgado, do Ministério das Relações Exteriores, a grande inovação foi a realização de um segmento de juízes e procuradores. “Isso fecha um ciclo de inclusão no processo político com todos os principais agentes públicos”, disse. “O balanço geral é de um grande êxito tanto em quantidade e nível de delegações, quanto em qualidade dos debates”, avaliou.
Já para o senador Jorge Viana (PT-AC), que coordenou a Conferência Parlamentar, é importante deixar um legado do fórum, por isso, ele apresentou uma proposta de emenda à Constituição para incluir a água como direito humano. “Esse é um ponto fundamental de partida”, disse ele, lamentando ainda a ausência de representantes do países mais ricos no fórum.
Durante a cerimônia de encerramento, o coordenador do Fórum Cidadão, Lupercio Ziroldo Antônio, apresentou os dez princípios pactuados durante o evento, como a educação e o acesso a informação para a efetiva participação social na gestão da água. Ele também comemorou o sucesso da Vila Cidadã, espaço que recebeu a visita de 40 mil crianças.
O presidente do comitê do Processo Temático, Torkil Jønch Clausen, também apresentou os resultados das 95 sessões realizadas durante o evento. As mensagens que serão detalhadas no relatório do fórum abrangem questões sobre clima, desenvolvimento, cidades, ecossistemas, finanças, compartilhamento, capacitação e governança.
9º Fórum Mundial da Água - Senegal 2021
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Daqui a três anos, o Fórum Mundial da Água voltará ao continente Africano, que teve sua origem, no Marrocos, em 1997. A representante do governo federal, Cristiane Dias Ferreira, diretora-presidente da Agência Nacional de Água (ANA), o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, o diretor executivo do 8º Fórum Mundial da Água, Ricardo Andrade e o co-presidente do Comitê Organizador do 8º Fórum Mundial da Água, Paulo Salles, juntamente com outros membros da comissão organizadora, trocaram presentes com os integrantes do Comitê de Preparação do 9º Fórum Mundial da Água, que será realizado no Senegal.
A passagem da bandeira do Fórum Mundial da Água simbolizou o reinício do trabalho contínuo do Fórum Mundial da Água. Os presentes assistiram um vídeo sobre o país anfitrião de 2021. Em seu discurso, o presidente do comitê do 9º Fórum Mundial da Água no Senegal, Abdoulaye Sene, elogiou a realização brasileira do fórum e anunciou o tema da próxima edição: segurança hídrica.
Rollemberg agradeceu ao Conselho Mundial da Água pela confiança depositada na cidade de Brasília para a realização da oitava edição do Fórum Mundial da Água e a todos os envolvidos na realização do evento. “Aqui cientistas, autoridades, sociedade civil, de forma franca, fraterna e aberta, compartilharam experiências e visões. Eu tenho a convicção de que ninguém será o mesmo depois de ter participado do 8º Fórum Mundial da Água”, declarou o governador. Rollemberg lembrou que a água é o tema mais importante para o futuro da humanidade e desejou sucesso aos senegaleses.
Benedito Braga destacou que, nesses três anos de trabalho, pode contar com a parceria, a participação cidadã e política, "sem as quais não seria possível a realização do 8º Fórum Mundial da Água". “Atingimos plenamente nosso objetivo. Tivemos não só um número muito grande de pessoas participando, mas tivemos uma qualidade de trabalhos fantástica”, revelou. Ele contou que a Carta de Brasília, documento resultante da Conferência de Juízes, será levada ao Papa Francisco, que demonstrou interesse no assunto.
Grande Prêmio Mundial da Água de Quioto
Durante a cerimônia, a associação Charité Chrétienne Pour Personnes en Détresse (CCPD) organização de Caridade Cristã para pessoas em Situação de Risco, com sede no Togo, recebeu o Grande Prêmio da Água de Quioto.
A Caridade Cristã para pessoas em Situação de Risco capacita de indivíduos e grupos comunitários para melhorar o acesso a água potável e saneamento por meio da construção e remodelação de instalações de água potável e saneamento.
A CCPD recebeu o equivalente a US$ 18 mil dólares, que servirá para implementar o projeto e promover a gestão da água em Togo.
Foto: Revista News