Realizadas de forma gratuita, na Arena da Vila Cidadã, as Rodas de Conversa desta segunda-feira (19), destacaram projetos regionais de agricultura sustentável, que não só ajudam o meio ambiente, mas geram melhorias econômicas, sociais, culturais e para saúde da população local.
As Plantas Alimentícias não Convencionais (PACNs) são espécies que muitos conhecem, mas poucos sabem que podem ser consumidas, como, por exemplo, o ora-pro-nóbis, maracujá do mato, capuchinha e trevo. Para falar dialogar sobre o tema, Nuno Braga, pesquisador da Embrapa, e a nutricionista Deise Lopes, falaram sobre o plantio destas espécies, que tem um uso reduzido, além de serem resistentes e não necessitarem de agrotóxicos para se desenvolverem, e, sobretudo, são resistentes e nutritivas, o que também ajuda nos cuidados das águas que compõem o nosso corpo.
Nuno Madeira reforçou a importância de tornar o plantio das Pancs algo constante, que se crie um banco comunitário permanente. “Eu trabalho para que essas espécies sejam valorizadas, para isso é preciso tornar a produção estável, para domesticar a espécie e fazer um plantio monitorado”, afirmou.
Madeira explicou, ainda, que esse tipo de plantio respeita as características locais e fortalecem a comunidade. Ele levantou, ainda, que elas também podem ser usadas para alimentação animal. Deise Lopes, por outro lado, ponderou acerca dos micronutrientes. “Os alimentos que consumimos, muitas vezes não contém esses micronutrientes, necessários para o corpo humano. “O alimento é muito mais que nutriente, é lembrança, é vínculo, é cultural e é fundamental para o nosso senso de comunidade”, explicou.
Após as explanações, os participantes puderem se reunir em trios e dialogarem sobre o tema para que, posteriormente, explanassem sobre o que foi falado. O produtor rural Jonas Chequetto compartilhou que em seu município, Vila Valério – ES, foi possível diminuir o número de crianças com anemia com a introdução de PANCs, como farelo de trigo e arroz, semente de abóbora e melancia, e pó da folha de mandioca.
Em seguida, a Roda de Conversa Agricultura sustentável, economia solidária e o cuidado com a água, mostrou como ações sustentáveis geram impactos diretos nas vidas das pessoas. Explanaram sobre o tema Fabiana Penereiro, Andrea Zimmermann, Fátima Cabral, Dorvalina Teresa Soares, todas com experiências exitosas na agricultura familiar e agricultura sintrópica, com os projetos Agrofloresta, Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA) e agricultura familiar, respectivamente.
A Roda reforçou a importância da agricultura sustentável e como é possível levar às mesas alimentos saudáveis, frescos e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente e fortalecer os laços comunitários, agregando positivamente nos aspectos sociais e econômicos locais.
Na sequência, educação foi abordada na Roda ‘Educação para uma nova cultura da água’, a partir da experiência de educadores que atuam em diferentes contextos que abordaram sobre o papel da educação nos desafios referentes à temática água.
Os participantes reforçaram que para se ter educação ambiental a mudança cultural é primordial. “Não se muda cultura com decreto, ela é mudada com o tempo e de pouco a pouco. Temos que deixar visível a dor para que ela seja valorizada e que gere anseio de mudança”, destaca o professor da Universidade de Zaragoza, na Espanha, Pedro Arrojo.
Matéria produzida por Priscila Rocha