Manguezais são um ecossistema localizado em regiões litorâneas, com um ambiente formado por uma água salobra, resultante do encontro da água doce com a do mar, o que torna esse lugar um espaço sensível ao equilíbrio entre esses dois cursos d'água.
O Brasil, por apresentar uma ampla zona costeira, registra a presença de uma grande quantidade de manguezais em seu território. Eles estendem-se do Cabo Orange, no Amapá, até a cidade de Laguna, em Santa Catarina, ocupando uma área superior a 1,2 milhão de hectares, o equivalente a 15% de todos os mangues existentes no mundo.
Em virtude do inconstante equilíbrio entre a água doce e a água salgada nesse ambiente, a vegetação é predominantemente halófila (que se adapta às variações de sal na água) e pneumatófora (que respira pelas suas raízes aéreas, aquelas que se encontram acima das águas).
A fauna presente nos manguezais é composta por peixes, ostras, mariscos e crustáceos, revelando-se como um ponto de elevada biodiversidade por também servir de espaço para a reprodução de algumas espécies de aves. Os caranguejos são abundantes e alimentam-se das folhas e raízes das árvores, ajudando a processar o material orgânico e contribuindo para o equilíbrio ecológico no ambiente em questão. Além disso, a extração desse animal para comercialização é uma importante fonte de renda para comunidades ribeirinhas, de forma que muitas delas dependem exclusivamente dessa prática para o seu sustento.
Além de abrigar inúmeras espécies animais e vegetais, os manguezais possuem importantes funções ambientais. As raízes aéreas das plantas ajudam a diminuir a velocidade do curso das águas e das ondas, diminuindo os impactos sobre os solos e contendo processos erosivos. Além disso, essas raízes e demais formas de vegetação ajudam a conter os sedimentos e contribuem para uma espécie de “filtragem” das águas.
Apesar disso, o manguezal é um dos ambientes naturais mais ameaçados no Brasil e no mundo. A extração não sustentável de suas espécies, bem como a devastação de seus ambientes, vem provocando alterações sensíveis à sua biodiversidade. Soma-se a isso a extrema poluição causada tanto pela contaminação dos rios que passam pelos mangues quanto pela deposição de lixo em suas áreas. Em alguns lugares há relatos até do aterramento de alguns manguezais em virtude do forte cheiro existente em seus espaços.
CURIOSIDADES SOBRE OS MANGUEZAIS
Os manguezais têm um cheiro forte e característico, desagradável para o homem. Isso acontece porque a baixa presença de oxigênio leva as bactérias a utilizarem também enxofre no processo de decomposição dos resíduos, formando assim compostos químicos que exalam um cheiro similar ao de ovo podre.
Um manguezal leva entre 15 e 20 anos para ficar completo.
Da casca do mangue-vermelho se extrai o tanino, substância usada pela indústria para o tratamento de couro.
As litorinas são pequenos caramujos que ajudam o ser humano a conhecer o nível do mar. Elas se agrupam nas raízes do mangue e servem para “marcar” o sobe-e-desce da maré.
Manguezais e estuários são ecossistemas autossustentáveis porque produzem seu próprio alimento. Servem como filtro natural, transformando as impurezas que vêm pelo rio e reciclando a água do mar.
Os manguezais são conhecidos como berçários porque existe uma série de animais que se reproduzem criando seus filhotes nestes locais.
Os camarões se reproduzem no mar, na região da plataforma continental. Suas larvas migram para as regiões dos manguezais onde se alimentam e crescem antes de retornarem ao mar.
Ao contrário de outras florestas, os manguezais não são muito ricos em espécies porém se destacam pela grande abundância das populações que neles vivem. Por isso, podem ser considerados um dos mais produtivos ambientes naturais do Brasil.
Pouca gente sabe, mas o “mão-pelada“ (Procyon cancrivoros), conhecido também por guaxinim, é um simpático mamífero carnívoro, muito famoso em desenhos animados, que visita os manguezais em busca dos caranguejos para se alimentar.
Apesar de registrar poucas espécies, o manguezal é um bioma rico em vida e na presença de animais.