Chama-se água virtual aquela que o mundo gasta para produzir bens de consumo. É um consumo indireto que a maioria das pessoas nem se dá conta que existe.
Água, produto tipo exportação: o Brasil é o 5º maior exportador de água virtual.
Quando se fala de quantidade de água consumida, cada um pensa na água utilizada com necessidades diárias de higiene, ingestão ou preparação de alimentos. Mas pouquíssimas pessoas se dão conta de que tudo que utilizamos, das roupas ao computador, precisa de uma quantidade enorme de água para ser fabricado. Por exemplo, um computador consome 1.500 quilos de água; isso porque os materiais usados na sua fabricação precisam de várias lavagens em água muito pura. Se gasta mais água para fabricar um computador do que uma geladeira.
A ideia de “água virtual” foi concebida no início da década de 1990. O conceito reúne dados do meio ambiente e os associa com áreas do conhecimento humano como engenharia, engenharia de alimentos, industrial de produção agrícola, transporte, entre outras tantas. A ideia é cruzar informações para tentar encontrar o volume utilizado no processo de produção de qualquer bem ou produto, independentemente de sua origem. Dessa maneira, é possível saber os impactos ambientais gerados por hábitos de consumo.
Esta fórmula para calcular a “água virtual” também serve como instrumento para comparar a eficiência ambiental dos processos produtivos. Sabe-se que em toda forma da produção humana há consumo de água em alguma medida. É tanta água utilizada - e por vezes desperdiçada - nestes processos que os pesquisadores estão cada dia mais interessados nessa equação.
Calculando a água virtual
Para calcular esse coeficiente, chamado de pegada hídrica, é preciso contabilizar a quantidade de água usada em todas as etapas de produção e limpeza. Para medir, por exemplo, o total de água usada para a fabricação de uma folha de papel, deve-se levar em conta o total utilizado no processo de produção das árvores e dos produtos que darão origem à mata, não somente a água usada na indústria. Por isso, quando se utiliza uma folha de papel, na verdade está se utilizando também os 10 litros de água que foram utilizados para fazê-la.
Em relação à pecuária e à agricultura, a conta é um pouco diferente. O resultado é obtido a partir da divisão da pegada da água do produto de origem entre seus produtos derivados. Para produzir carne bovina, a maior parte do líquido é gasto na alimentação do boi, no cultivo de seus alimentos e na limpeza de seus dejetos. Assim, quando nos servimos de um quilo de carne, estamos colocando à mesa 15.497 litros de água!
Brasil é um grande exportador de água virtual
O Brasil é hoje o quinto maior exportador de água virtual do mundo, vindo depois da Índia, Argentina, EUA e Austrália. A água não sai do País em containers, mas está contida em grãos, carnes e produtos industrializados pelo País. Na outra ponta estão os países importadores, que ao comprar algo do exterior está importando, virtualmente, a água utilizada no processo de produção. Essa nação importadora tem a vantagem de poupar seus recursos naturais.
Levando em conta a escassez, há expectativa para que ocorra uma reorganização no comércio internacional da água virtual, tornando possível o uso racional do líquido. Espera-se, por exemplo, que países que tenham reservas produzam aquilo que necessitam de água e exportem, equilibrando o consumo.
O uso racional da água em sistemas de produção será um dos temas do 8º Fórum Mundial das Águas.