Brasília recebeu nos dias 26 e 27/04 cerca de 800 participantes de diversos países e representantes de vários setores interessados na gestão da água, para a 2ª Reunião de Consulta às Partes Interessadas. Este evento faz parte do processo preparatório do 8º Fórum Mundial da Água, que será realizado de 18 a 23 de março de 2018, também na capital federal.
O objetivo desse encontro foi dar forma aos cerca de cem painéis temáticos que serão organizados em torno dos nove temas, durante esta edição do Fórum que tem como tema central “Compartilhando Água”. Serão sessões em forma de apresentações e mesas redondas entre especialistas convidados para permitir a troca de experiências e a busca por soluções para uma melhor gestão da água, em todos os países.
Na abertura do evento, o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, destacou os avanços obtidos a partir dos encontros preparatórios. “A capacidade de chegarmos a um consenso para promovermos a segurança hídrica no planeta resultou das reuniões realizadas até agora. A diversidade das organizações e instituições aqui representadas destaca uma verdade fundamental sobre a água: embora a gestão da água seja predominantemente uma questão local, as consequências de uma má gestão refletem em uma questão global.”
Brasília deseja receber cidadãos do mundo inteiro que queiram participar das discussões sobre esse recurso tão essencial para todos, segundo o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg. “A capital Mundial da Água é a primeira cidade da América Latina que abre o diálogo neste continente para o tema.”
Já a importância do Brasil para o debate dos temas relacionados à água foi destacada pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Marcelo Cruz. “O Brasil concentra 12 por cento da água doce do planeta e 60 por cento das bacias hidrográficas transacionais passam pelo território brasileiro. Esses índices colocam o país em importância e destaque no cenário mundial”, disse Cruz.
Segundo o presidente da Agência Reguladora de Água, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Paulo Salles, já é possível notar o impacto do Fórum nas discussões sobre o tema no país. Para ele, “o compromisso da sustentabilidade entrou definitivamente na agenda, permeando debates no dia a dia sobre temas comprometidos com a agenda 2030 para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Já o compartilhamento da água tem acontecido pela divisão das responsabilidades por meio de comitês de bacias hidrográficas, órgãos que fazem a gestão da água, governos, setores produtivos e sociedade”.
O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, destacou o Fórum Cidadão, inovação nesta edição do evento. “O Fórum Cidadão será o mais importante, pois acontecerá pela primeira vez num processo mundial que trata do assunto água. Nós estamos convencidos de que as mudanças que desejamos serão mais rápidas e mais profundas com o engajamento da sociedade em torno desse tema.”
Além das reuniões preparatórias, outro canal de participação social para influenciar nos temas a serem discutidos no Fórum, que espera reunir cerca de 15 mil pessoas no ano que vem, é a ferramenta SuaVoz. Trata-se de uma plataforma online que permite que qualquer cidadão no mundo possa expressar sua opinião ou contribuir com experiências e troca de ideias sobre os desafios envolvendo a água sobre clima, pessoas, desenvolvimento, meio urbano, ecossistemas e sobre o financiamento das soluções.
A plataforma foi proposta pela ANA e é outra inovação do 8º Fórum Mundial da Água. A consulta online deixará o Fórum mais democrático levando os principais pontos propostos para as sessões presenciais de debate.
Serão três rodadas de debates. A primeira foi concluída em 23 de abril e recebeu mais de 20 mil visitantes em 35 sessões de discussões que geraram 555 contribuições. As colaborações serão apresentadas nesses dois dias de reunião com as partes interessadas.
O Fórum Mundial da Água acontece a cada três anos com os objetivos de elevar a importância do tema água na agenda política dos governos e promover o aprofundamento das discussões, troca de experiências e formulação de propostas concretas para os desafios relacionados aos recursos hídricos. O 8° Fórum é realizado e organizado pelo Conselho Mundial da Água Governo com o governo Federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente e pelo Governo do Distrito Federal e conta com apoio da Agência Nacional de Águas e da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa).
As edições anteriores do Fórum Mundial da Água aconteceram em Marraquexe, Marrocos (1997); Haia, Holanda (2000); Quioto, Shiga e Osaka, Japão (2003); Cidade do México, México (2006); Istambul, Turquia (2009); Marselha, França (2012); e Daegu e Gyeongbuk, Coreia do Sul (2015). Em 2016 o Fórum será realizado em Brasília e em 2021, no Senegal.